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Armazenamento indevido de água na crise hídrica faz disparar casos de dengue

Hábito da população de usar tambores, latões e outros recipientes para fugir do desabastecimento contribui para a proliferação do Aedes aegypti




Marcos Vieira/EM/D. A Press
O armazenamento indevido de água por causa da crise de abastecimento nos três primeiros meses de 2015 aumentou o número de casos de dengue em alguns bairros de Belo Horizonte e cidades do interior do estado onde o problema de desabastecimento é mais sério. Na capital, o Barreiro é a regional com maior registro de casos da doença e, de acordo com a PBH, o acondicionamento incorreto de água pelos moradores foi um dos fatores que contribuíram para o agravamento da situação.  Na região do Barreiro, o problema foi registrado principalmente no Bairro Milionários, onde agentes de saúde precisaram montar uma força-tarefa para orientar a população sobre uso de tonéis e baldes com água. Em Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, 92% dos focos de Aedes aegypti foram encontrados em recipientes usados pelos moradores para guardar água.

Em 2015, o Barreiro já registrou 137 casos de dengue, 23% dos 572 casos identificados na capital. O número é quase 22 vezes maior que os da Região Centro-Sul e quatro vezes mais alto que os índices encontrados em Venda Nova. De acordo com o gerente de controle de zoonoses do Barreiro, Vitor Rodrigues Dias, o aumento de casos da doença no Bairro Milionários foi causado exclusivamente pelo acondicionamento inadequado de água. “A população está colocando água em tambores para ficar até semanas com o líquido. As pessoas não tampam os tambores”, afirma. Segundo o gerente, é nesses locais que o mosquito Aedes aegypti está se reproduzindo. Os agentes identificaram residências onde havia tonéis e orientaram as pessoas a jogar fora a água ou tampar os reservatórios.


 
Preocupação dos moradores do Bairro Milionários com a falta de água é evidente. Basta passear pelas ruas para ver que muita gente armazena água de chuva e procura economizar o máximo possível. Mas quem faz isso ressalta que todos os cuidados são tomados para evitar que os recipientes usados para guardar água sirvam de criatório para o mosquito transmissor da dengue. A cabeleireira Elza Helena Valverde conta que, auxiliada pelo pai, o vigia aposentado João Alberto Pereira Gomes, aproveita a água da máquina de lavar, que é condicionada no tanque ao lado e depois em um galão e é usada para lavar o quintal e até uma caixa de gordura. Quando chove, a água que escorre do telhado também é guardada em galões. “Sempre tampados, por causa da dengue”, enfatiza Elza.

Marcos Vieira/EM/D. A Press

Com uma obra em casa, o orientador de estacionamento Milton Flaviano Brito ajuda a mãe a economizar. Um cano na lateral da casa leva a água da chuva até um galão e ela é usada na construção e para lavar o carro. O galão não fica tampado, mas, antes mesmo que se toque no assunto, Milton afirma: “O pessoal que olha os focos de dengue esteve aqui e jogou um remédio para não ter perigo”. Já na residência da família da repositora Naglia Maria Fernandes, o cuidado é dobrado. Uma caixa d’água de 500l fica embaixo do telhado recolhendo a água da chuva. Além de estar sempre cuidadosamente tampada, a água que sobra é tratada com cloro.

DOENÇA REINCIDENTE
 A estudante de direito, Nathália Fernanda Gonçalves dos Santos Drumond, de 27 anos, mora no Bairro Olaria, no Barreiro, e teve suspeita de dengue cinco vezes em dois anos. O último diagnóstico foi em 31 de março, quando ela procurou o centro de saúde do bairro e passou pelo exame clínico. “Como em todas as vezes, o posto seguiu o protocolo. Fez o teste do laço e encaminhamento para exame de sangue”, conta.

A estudante atribuiu a recorrências da doença à grande quantidade de entulho acumulado no entorno dos córregos Olaria e Jatobá, que passam por uma obra para construção de bacias de contenção. A obra, orçada em R$ 85 milhões, é para evitar inundação. Conforme a moradora, o bairro está infestado de mosquitos, escorpiões, ratos e baratas.

O gerente da Zoonoses informou que o Olaria é monitorado a cada 15 dias e foi constatado que a população está jogando lixo na área da obra e na pista de caminhada. Segundo Dias, por mais que a administração municipal remova o lixo, não tem como conter a ação dos vizinhos que sujam o entorno. O comitê de crise de vigilância da dengue no Barreiro discutiu, esta semana, medidas específicas para o Olaria e vai lançar campanha para conscientizar a população. “Estão levando até caminhões com entulho para o entorno do córrego. Agentes de endemia também encontraram copos e garrafinhas de água na pista de caminhada onde havia focos de dengue”, relata o gerente.

Quadro da dengue em BH:

Regional / Casos

Barreiro / 137
Centro-Sul /  6
Leste / 30
Nordeste / 43
Noroeste / 112
Norte / 82
Oeste / 76
Pampulha / 50
Venda Nova / 29
Total / 572

*Fonte Secretaria de Saúde de Belo Horizonte – Boletim 10/04/2015
Fonte EM

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