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Não desperdiçar: Aprendizagem necessária




Em 2012, li o artigo “Aspectos Linguísticos e Educação Ambiental na Aprendizagem Infantil” escrito por Graziela C. Montanhim, na época, graduanda em Ciências Biológicas Licenciatura na Universidade Federal de São Carlos – Sorocaba, e por Mônica F. Caron e Heloísa C. S. Cinquetti, docentes da mesma Universidade, publicado na Revista Pesquisa em Educação Ambiental, e hoje é um dos documentos científicos que estão no meu Top 10 de artigos relacionados ao quesito Água/Educação Ambiental. O estudo discutiu a expressão linguística de 13 crianças, entre 5 e 6 anos, abordando-as sobre atividades relacionadas ao tema água: conceito de água, suas finalidades, sua importância, desperdício, poluição, músicas e profissões. Em todos os temas discutidos, houve a realização de desenhos, leitura de histórias, visualização de vídeos, dentre outras atividades para elucidar e auxiliar na aprendizagem das crianças sobre o tema.

Dentre os subtemas, o do “desperdício” é de crucial entendimento, e levantou-se uma série de questões, como por exemplo: “Vocês acham que a calçada sente sede? Por que a lavamos? Por que as pessoas as lavam todos os dias? (...)”. E uma ordem de prioridades do uso da água foi estabelecido (i) saciar a sede, (ii) alimentação, (iii) higiene, (iv) consumo industrial, fazendo com que as crianças vejam que a água pode ser categorizada por ter diversas finalidades de extrema importância para todos nós.
Quando foi perguntando se já viram alguém lavando a calçada, todas as respostas foram afirmativas; e quando perguntado se era por que a calçada sentia sede, a resposta da maioria foi afirmativa. A resposta positiva com relação à segunda pergunta deve ter ocorrido devido ao fato das crianças associarem qualquer elemento com o corpo humano, havendo interpretação literal de metáforas, comum na aprendizagem. Juntamente com o “sim”, referente à segunda pergunta, uma criança respondeu que é porque a “planta sente sede”, associando o termo “sede” com as plantas serem regadas na hora da lavagem do quintal pelo adulto. Outra criança respondeu negativamente “ela [a calçada] não pede água”, e a partir daí, questionou-se “por que lavar a calçada?”, com o objetivo de problematizar o ato. E as crianças responderam que “o vento a suja”, “sai sapo” e “a nuvem traz chuva”, remetendo-se às folhas sujarem a calçada, à alguma experiência vivida pela criança, e por existir consenso geral da população que a chuva suja, pois traz consigo galhos, terra, dentre outros.

Quanto a pesquisadora questionou “O que podemos fazer para não desperdiçar água?”, houve uma ‘enxurrada’ de respostas, tais como, “Tomar tudo, tia” e “Quem tá com sede bebe água”. Montanhim (2011) conclui que a ideia dos alunos parece ser a de consumir apenas o necessário, o que evita o desperdício.

O conceito de “consumir apenas o necessário” varia de pessoa para pessoa, levando em conta seu padrão de vida e valores; entretanto, segundo os pesquisadores, as crianças sabiam exatamente o que fazer para não haver o desperdício da água, imagina-se que pelo fato da própria escola, onde a pesquisa foi feita, incentivar as crianças a colocar pouca comida no prato e fechar a torneira enquanto escovam-se os dentes, por exemplo.

Como concluiu Montanhim (2011), conduzir a ação educativa perante temas naturais necessita de uma comunicação efetiva entre o educador e a criança, além do preparo do educador sobre o tema tratado e das diversas dúvidas e vivências que as crianças podem trazer.

A meu ver, é infinitamente necessário abordar assuntos da temática nas escolas de maneira aprofundada, como ocorreu neste projeto. Notaram-se posicionamentos por parte das crianças no que se referiu ao subtema “desperdício”, e surgiram chances da educadora inserir valores éticos e sustentáveis, que auxiliam na formação de um cidadão ecologicamente consciente, cada vez mais necessário na problemática da água a qual estamos vivenciando.

Por Samara Rached Souza

MONTANHIM, G. C.; CARON, M. F.; CINQUETTI, H. C. S. Aspectos Linguísticos e Educação Ambiental na Aprendizagem Infantil. Revista Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 6, n.2 – p. 11-32, 2011.

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