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A Culpa é de Quem?

Em meio a atual crise hídrica, somos bombardeados pela mídia e pela publicidade em geral com mensagens de inúmeras medidas para o combate ao desperdício de água. As propagandas são audaciosas. Algumas dizem que se os cidadãos economizarem não faltará água para ninguém, utilizando de celebridades para ensinar, por meio de simulações e artifícios como cronometrar o tempo de utilização do recurso.

Mas essa é a real e exclusiva causa do problema enfrentado no quadro atual? Foram os minutos a mais de banho do seu vizinho que secaram o Sistema Cantareira? O que mais ajudou a criar esse problema?

Muitas informações não são repassadas aos contribuintes e quando o são, geralmente possuem problemas como a divergência de dados. Uma informação importante é que há perda de água pelos inúmeros vazamentos da rede de abastecimento e pelos diversos desvios ilegais na tubulação em boa parte do território nacional. A contabilização dessa perda só para o Estado de São Paulo chega a 40% do total destinado ao abastecimento. Outra questão importante é que a parcela de água utilizada pelo agronegócio também não entra nessa conta, já que muitas vezes a água é obtida por meio de poços artesanais e afins.

Claro que as propagandas devem incentivar o consumo sustentável, mas essa sustentabilidade deveria ser aplicada às próprias concessionárias. São exigências vindas de órgãos que ainda nem fez sua lição de casa. A sustentabilidade deveria começar como um exemplo das concessionárias, assim como das prefeituras e dos governos que as administram. Culpar os cidadãos por um problema tão grande, sendo que parte destes nem possuem água encanada em suas casas e muito menos tratamento de esgoto chega a ser um insulto.

As grandes empresas e os bairros nobres não sofrem com rodízios de água. Tirar da população pobre pra não deixar faltar às pessoas “que movem a nação” é absurdo. A água é um recurso vital e não deveria ser mais um bem distribuído de maneira separatista. Os problemas com os recursos hídricos estão presentes há anos, mas permitir que a situação continue a ser empurrada para debaixo do tapete é inadmissível.

Mesmo se todos os cidadãos comuns economizassem água em todas as suas mínimas atividades, ainda teríamos muitos outros problemas para enfrentar. Problemas estes que nos empurrariam cada vez mais em direção ao volume morto. São inúmeras as lacunas não preenchidas que impossibilitam a contabilização real do uso e da perda de água. Mas uma coisa é certa. A culpa não é mais nossa do que de muita gente por ai.




 por Gabriela Ferreira Mylonas

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