Obras do Rodoanel Norte Aterram Nascentes em Plena Crise Hídrica
http://observatoriodabacia.sor.ufscar.br/2015/05/obras-do-rodoanel-norte-aterram.html
Ambientalistas dizem que nascentes poderiam amenizar efeitos da crise hídrica na capital paulista e que apontam 'absurdo' da destruição de áreas de mananciais
São Paulo – As obras do trecho norte do Rodoanel, orçadas em quase R$ 7 bilhões, cruzam áreas de preservação na Serra da Cantareira, que circunda a zona norte da região metropolitana de São Paulo e está levando a destruição de rios e nascentes da região. Ambientalistas apontam que essas nascentes compõe parte do abastecimento natural de reservatórios do Sistema Cantareira e que sua extinção já e parte do quadro de crise hídria na capital, que tende a se agravar ainda mais este ano.
Num trecho da estrada em que construídos pinos de sustentação, por exemplo, há até bem pouco tempo, existia um riacho chamado Guaraú, que hoje virou apenas um fio de água."Elas (as nascentes) foram soterradas, elas foram implodidas, e muitas desviadas. O desvio da nascente seca o rio", alerta a ambientalista Elisa Puterman, em entrevista ao repórter Paulo Castilho, do Seu Jornal, da TVT.
O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bucohy, diz que "destruir regiões de mananciais, de nascentes, para passar uma estrada que poderia passar em outro local, é um absurdo" e informa que existe um processo do Ministério Público Ambiental de Guarullhos que tenta impedir a continuidade das obras do Rodoanel."Essas nascentes são de extrema importância para o abastecimento, não só agora, mas para o futuro da metrópole."
Segundo ele, as licenças ambientais para a obra são "suspeitas", pois, o Conselho Estadual de Meio Ambiente, sofre sucessivas ingerências políticas.
"Nós temos um conselho de 'faz-de-conta'. Quando o empreendimento é do governo, o governo tem ascendência sobre o conselho. Ou seja, você não tem uma participação social efetiva", denuncia Bucohy.
Heitor Bastos, outro ambientalista que mora há 35 anos na região e fotografa a biodiversidade da Cantareira, tem registros, inclusive, de uma cachoeira que existia ali e qeu já secou.
Fonte: RBA